terça-feira, 27 de maio de 2008

Talento e Desperdício

Aquilo que distingue Chan Marshall do resto é o talento. Talento não se compra, não se aluga, não se empresta. A verdadeira artista Chan é como todos nós, ela falha, pede desculpa e volta a tentar. Tudo depende de como entra na canção, na finta. Quando acerta arrepia, quando falha entristece. O que Chan tenta fazer é elevar cada interpretação ao nível do seu talento. Faltou confiança. Fica-se com o concerto de uma grande artista, mas um espectáculo mediano, com alguns momentos sublimes. Não aproveitar os nossos talentos é um desperdício. O resto, o resto é folclore.

sábado, 24 de maio de 2008

Actrizes e Produtores



Há uma tendência musical a formar-se este ano, a edição de álbuns onde a intérprete é também actriz. Actriz-intérprete. Scarlett Johansson lança um álbum de versões de Tom Waits, produzido pelo David Sitek e Zooey Deschanel junta-se ao M. Ward e editam em conjunto o primeiro volume de canções, sob o nome She & Him. Ela e ele, a actriz-intérprete e o produtor. Ainda só ouvi She & Him e claro que gosto da produção pópe antiquada de M. Ward, mas não entendo a interpretação à rapariga do campo da Zooey, mesmo sendo a compositora. Vou ouvir agora a Scarlett e focar-me na produção do David Sitek, talvez chegue até ao fim.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Rapazes Americanos

O Kanye West publica, em exclusivo, o violento vídeo dos Justice no blogue. Eu publico o doce vídeo da Estelle com o Kanye West, sem exclusivo, claro. "American Boy" é o oposto do "Stress", não é violento nem tem jovens adolescentes a destruir gratuitamente tudo o que lhes aparece à frente. Tem a voz graciosa de Estelle, o rap egocêntrico de Kanye e a produção de Will.I.Am. O que uma desacelaração do ritmo e uma utilização mais suave dos mesmos justice-punk-tizadores não faz a um tema, tornando-o praticamente jamiroquaiano.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Anteaudição

Antecipando o Primavera, destaco duas canções recentes, de dois projectos que fazem parte do extenso e infindável cartaz. A primeira é de Bon Iver, que acabou por ser o momento mais instrospectivo do concerto dos National e chama-se "Flume". A outra é já um clássico de Verão indie, "Time To Pretend" dos MGMT, que consegue colocar tão alta a fasquia, por ser a primeira música do álbum, que a partir daí é sempre a descer.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Nationalmania

Gritos, histeria, palmas, quase sempre fora de tempo, público de pé, danças desconexas, histeria. Uma neurose complexa caracterizada pela instabilidade emocional. Ontem, não houve tempo para estar, para entrar, para começar. Foi estranho. Vi desfocado, algo escapou-me. Sair de um concerto para ir fumar um cigarro é estranho. Sair novamente para ir beber uma imperial já é menos. Quando entrei, acabou. Concerto dos Tokio Hotel? Não, concerto dos National.

sábado, 10 de maio de 2008

Sedução Sensual

Hoje partilho um dos melhores vídeos dos últimos tempos. Tem tudo o que um bom vídeo deve ter: fumo, uma escadaria, duas colunas, uma bola de espelhos, vento, luzes, bailarinas, estrelas, planetas, sofás gigantes, discos voadores, um diamante, uma explosão, efeitos especiais, um sem número de coisas que tornam este vídeo marcante. Poderia continuar com o guarda-roupa, destaco apenas a faixa preta sobre a camisa vermelha.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Cirurgia Minimal



Este é Bruno Pronsato, nome verdadeiro Steven Ford, produtor de Seattle, cidade com pouca tradição no terreno electrónico, mas agora residente na meca Berlim. Lançou em Janeiro deste ano o primeiro álbum, Why Can't We Be Like Us, entre o techno e a house, o minimal e o orgânico, onde trata cada faixa cirurgicamente, acrescentando sobre a base rítmica, também ela inovadora, pormenores de cordas, sopros, piano, vozes e palmas, que se revelam escuta após escuta. De baterista de uma banda metal a isto vai um grande passo, mas Pronsato executa-o, com a mestria dos grandes produtores, como Ricardo Villalobos ou Matthew Dear. Para completar esta entrada, deixo duas hiperligações para o Resident Advisor, uma com a crítica ao álbum e outra com uma entrevista a Bruno Pronsato.

RA: Bruno Pronsato - Why Can't We Be Like Us
RA: Bruno Pronsato - Metal machine music

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Morno

Ao contrário do que poderia ser espectável, o último concerto que assisti, o de José González na Aula Magna, não foi um belo concerto, como por aí se anda a escrever. Foi apenas um desfiar de boas músicas, bem interpretadas, mas em velocidade cruzeiro, que produziram um efeito traiçoeiro, como um carro antigo a acelerar desenfreado numa auto-estrada. Acabou num espectáculo morno, que emocionou pouco. Antes, ainda assisti a mais uma má importação nacional, no caso do universo roque-folque norte-americano, Sean Riley e os motociclistas lentos, com um deles a fazer questão de partir o amplificador com o baixo no final da última música.