quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Participação feminina

Quando não há muito tempo para ouvir música ouve-se rádio quando se viaja de carro. E quando se viaja de carro e se gosta da música que está a passar, abre-se as janelas e canta-se alto para toda a gente ouvir. Faz parte da necessidade de partilhar. Ontem viajava de carro a subir a Fontes Pereira de Melo e cantava a altos berros a "You Don't Know Me", de Ben Folds, em dueto com a Regina Spektor. Ou muito me engano ou esta música tem o potencial para estar num anúncio televisivo no próximo ano. Por isso será uma canção que terá uma audiência vasta e vai gastar-se. Mas agora, é a melhor participação feminina num tema desde a "Young Folks" com a Victoria Bergsman.

sábado, 22 de novembro de 2008

Ideologia

Na ressaca do destaque dado à Amor Fúria e à FlorCaveira no Público, importa dizer que a abordagem jornalística é sobretudo sociológica. Escreve como as personagens se conheceram e cresceram juntas e esquece-se de referir, por exemplo, que isto deu origem à gravação de um disco, As Aventuras do Homem Arranha, editado pela FlorCaveira e o primeiro com o selo da Amor Fúria. Depois é difícil explicar o resto, a história é demasiado complicada, com imensos pormenores e mudanças de rumo. Mas também é impossível escrever tudo nas páginas de um jornal. Por isso é incompleto. Fica o destaque e uma boa história, contada pelo lado sociológico. Para saber mais sobre a ideologia da Amor Fúria é preferível ler o artigo do Diogo Almeida, publicado no programa de Novembro da MusicBox. Ideologicamente, é bem melhor.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Telecaster na capa



Parece a pedido, mas não é. Até parece que já é tarde demais, mas por outro lado, no caso da Amor Fúria, até pode ser cedo demais. Porque mais importante que nascer, é crescer. E crescer bem. Resta saber o que vem lá escrito, mas imagino que seja bom e grande, se há coisa que não falta deste lado é ambição. Falta é mais organização e mais gente empenhada no nosso país, na nossa língua, na nossa música. Apetece-me dizer: é só o começo. Quero acreditar que é só o começo. Quero acreditar. Se não, o que é que faz uma velhinha na capa do ípsilon com a guitarra do Manuel?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Canaviais ao vento

Já não escrevo sobre um concerto que tenha assistido há algum tempo. Domingo foi dia de Beach House no Cabaret Maxime. Um concerto que foi também um acontecimento, foram raras as pessoas mais ligadas ao meio musical a não estar presentes. Com toda a compreensão. Beach House é imperdível. A pope sonhadora com um pé no shoegaze continua a produzir coisas boas e se os finais dos oitenta e o início dos noventa estão aí, as canções de ritmo lento, de percussão forte e voz timbre grave com subidas repentinas dos Beach House são a prova. E a presença de Victoria Legrand, com os seus dedos de oiro a tocar no orgão, basta. Não será difícil imaginar isto num palco como o da Aula Magna em tempos próximos e gente de pé a abanar-se como canaviais ao vento e miúdas a descer o Chiado em fato-macaco com padrões de tecido para cortinados.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Sintomático

Se há um grupo ao qual se associa a morte no momento em que se fala dele são os Joy Division. Eu ando numa fase Joy Division, não ando a ouvir muito Joy Division, isso não seria saudável, mas esta semana foi uma semana Joy Division. A semana da divisão da alegria. Lembro-me que no início desta semana, enquanto saía de casa para comprar produtos de limpeza, cantava para dentro "day in, day out, day in, day out, day in, day out, day in, day out", parte da letra da canção "Digital". Acabei por ter de ficar em casa o resto da semana e não a limpei. Hoje lembrei-me que a música começa com "Feel it closing in, feel it closing in". Os sintomas não enganam.

domingo, 9 de novembro de 2008

Apenas flores

Para surpresa minha, no último alinhamento de músicas que fiz, na passada noite de quinta para sexta-feira no Maxime, muitos dos meus amigos melómanos não sabiam que a "(Nothing But) Flowers" era dos Talking Heads, e tem a participação do Johnny Marr. Logo é essencial colocar nesta posta o videoclipe desta maravilhosa canção, que está permanentemente disponível no novo serviço MTV Music. E como mudar para umas águas-furtadas, com vista para uma língua do Tejo, dá um novo alento à missão de "transformar as emoções colectivas num momento partilhável pelas multidões". Nada, apenas flores.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Ivo Malkovich?

Se "Destruir Depois de Ler" é uma comédia fica a alguns metros de conseguir ser uma boa comédia. O que "Destruir Depois de Ler" mostra é a forma como os irmãos Coen pensam as personagens americanas tipo e a cada uma delas é dado um papel no filme. Saio com duas ideias da sala de cinema: escrever um argumento destes é capaz de ter demorado uma noite e o John Malkovich, de "Destruir Depois de Ler", é o Ivo Canelas, de "Call Girl", norte-americano. Ou então o Ivo Canelas, de "Call Girl", é o John Malkovich, de "Destruir Depois de Ler", português e o argumento demorou anos a escrever. É escolher uma das duas opções.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Independente

Já estou para destacar o Ne-Yo desde que comecei a escrever. Mas até ontem à noite ainda não tinha sentido o impulso que origina a passagem do pensamento para palavras. Ontem à noite ouvia a Rádio Cidade e passou o segundo single do terceiro álbum do Ne-Yo, Year of the Gentleman, que ainda nem sequer escutei na íntegra. Se calhar nem é preciso, a força do Ne-Yo está nas canções, e se o primeiro single, "Closer", já era bom, o R&B fresco e ritmado "Miss Independent", com produção Stargate, fez o resto. É preciso não esquecer que foi das mãos deste homem que saíram a "So Sick" e a "Irreplaceable". Para não falar das canções que escreveu para meio mainstream. Aqui fica o teledisco do tal segundo single.