sábado, 30 de junho de 2012

Até Córdova

A partida para a cidade espanhola, para ganhar mais conhecimento na especialidade, e o olhar da varanda do quarto enquanto as malas são arrumadas na bagageira. Até Córdova, por estrada. Após um dia cheio de emoções fortes, mais um dia neste percurso. O que fica na retina é um carro branco com detalhes desportivos, como os faróis de nevoeiro no pára-choques rente ao chão, e o reflexo dos prédios da nossa rua no vidro traseiro assim que a viatura se afasta em movimento até chegar à curva. Se alguma lembrança receber após esta viagem que seja a grandeza da mesquita dessa cidade. Os seus arcos e colunas infindáveis.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Confiança e Esperança

A recuperação da confiança e da esperança como peças fundamentais desta estação de calor e praia. A confiança permite o restabelecimento de uma estrutura que já existiu e está fundada. A esperança permite o restaurar da fé que nos acompanha desde o nosso nascimento. A troca de olhares, os dedos que voltam a tocar-se, o sorriso tímido que surge, a lágrima que se forma pela emoção do pensamento. Os sentimentos à flor da pele, na epiderme. Acreditar que confio e espero. Espero a passagem dos dias, alargando de forma definitiva a atitude positiva de quem sabe que a tristeza só torna ainda maior o tempo da alegria.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Dia de Verão

As temperaturas começam a subir e o tempo de Verão inicia. Apesar de viver junto ao mar, a praia nunca foi o destino primordial nos dias em que folgo. Prefiro o refúgio de uma piscina, caso haja possibilidade, ou então um passeio de fim de tarde numa vila piscatória para tomar um refresco numa boa esplanada ou um gelado. Assim, foge-se à confusão generalizada da corrida para o areal mais próximo, aproveitam-se as ruas para caminhar, quando já cai uma brisa suave, e dá-se uns mergulhos acrobáticos para um tanque cheio de água pintado de azul. Os dias convidam a banhos de mar, mas ainda se trabalha na cidade e os tempos de praia a sul ainda parecem longínquos.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Da Crença

É raro escrever sobre futebol, o chamado desporto rei. Mas desde que iniciei o blogue nunca Portugal esteve tão próximo de uma final de um grande campeonato, daí a excepção. Esta equipa é a minha equipa. Sem bandeiras às janelas, contam-se pelos dedos da mão na minha rua. Com um líder dentro do campo que tanto é odiado como amado na sua pátria. Uma equipa formada à custa da teimosia e do carácter do seu treinador. Uma equipa que se uniu contra as críticas e que vai passando as etapas com trabalho e sofrimento e a estrela de campeão que para marcar precisa de atirar pelo menos duas vezes aos postes. Podemos ficar nas meias-finais, e ainda assim a história vai lembrar-vos como a equipa da crença.

terça-feira, 19 de junho de 2012

A Selecção

Vivemos num tempo só nosso. Um tempo próprio com tantos segundos como as imagens que ficam do passado que vamos deixando para trás. Há quem lhe chame nostalgia. Eu chamo-lhe selecção. Uma escolha entre aquilo que nos vamos lembrando e aquilo que vamos esquecendo. Por isso regresso aos locais onde as coisas se passaram. A praça junto ao cais dos ladrilhos azuis e calço os meus sapatos brancos, que já foram limpos das pisadas que ficaram da noite dos Santos populares. Ao campo com as palmeiras e os caminhos entre muros, onde agora actua um artista de variedades com um grande teclado. A música bate nas paredes e ricocheteia, ficando apenas os agudos e ali esqueço o tempo que foi só meu.

sábado, 16 de junho de 2012

Na esplanada da Graça

A melhor esplanada da cidade fica no largo da Graça. Hoje, aproveitando a troca de horário, que permitiu sair ainda durante a tarde, dirigi-me a este sítio para pensar e reflectir. Pedi um panaché e fui bebendo olhando o sol por trás dos pinheiros mansos que estão plantados por entre as mesas e a calçada, vendo o ponteiro dos segundos do meu relógio preto a passar lentamente. Este sítio, que fica junto de uma das colinas, tem uma vista maravilhosa sobre as ruas, prédios, casas e sobre algumas das outras colinas. Ainda se vê uma nesga de rio e a ponte lá no fundo. Aqui estou, pensando naquilo que me trouxe até aqui. Para reflectir os dias que virão e aceitar tudo o que eles me poderão trazer.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Porto Sentido

Até aos meus vinte anos de idade apenas passava no Porto, a caminho de terras ainda mais nortenhas. A partir dessa altura comecei a conhecer o Porto. Primeiro numa festa de música electrónica que aconteceu ao longo do rio e onde me furtaram pela primeira vez os meus óculos de sol, depois em reuniões de amigos de campos de férias e por fim para apresentar o disco d'O Verão Azul ao vivo e a acompanhar outras bandas em concertos. Ainda assim, não fazia muito por conhecer as ruas da cidade e passeava pouco. Estes últimos dias regressei à cidade invicta, para marcar presença no Primavera Sound do Porto, que aconteceu em Matosinhos, no parque da cidade, de um verde muito colorido. Para além de ser a extensão do melhor festival que temos na nossa península ibérica, estando por isso a qualidade praticamente assegurada, pareceu-me ainda melhor aproveitar o tempo em que não estávamos no recinto para passear pela cidade do Porto, na zona histórica e no centro. Foi também uma viagem turística e de conhecimento. Por estarmos alojados no centro do Porto e por termos carro próprio, foi possível passear nas ruas do centro, das lojas, da feira do livro e ver a Torre dos Clérigos. Ir à ribeira e jantar ao pôr do sol com a silhueta da cidade por trás, mesmo encostados ao rio Douro e à ponte D. Luís. Visitar o museu de Serralves e observar a sua arquitectura, ver as exposições e os seus jardins. Claro que também assistimos a muitos concertos, com destaque para Thee Oh Sees, The Rapture, Washed Out, The Weeknd, entre muitos outros. E também perdemos alguns concertos, por desconhecimento ou por aborrecimento. Acabar na Casa da Música sentados no chão ao som do tambor e baixo no fim do espectáculo de James Ferraro. Desta vez os concertos foram um motivo para sair de Lisboa, para conhecer melhor e apreciar esta bela cidade do Norte, a segunda maior de Portugal. Fica o desejo de para o ano voltar à segunda cidade de Espanha e acompanhar a sério o festival de escolheu o Porto para se estender e complementar.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Jacarandás

As ruas enchem-se de pétalas de flores em tons violeta. As árvores mais bonitas da nossa cidade enchem-se de flores que caem passados alguns dias, tornando pegadiça a calçada portuguesa que pisamos. Há sempre jacarandás nas ruas que percorro. Esta altura em que a flor aparece é única. Como relógios naturais, manifestam o dom da natureza em pleno céu aberto. De noite as pétalas caem mais frequentemente, como se a iluminação dos candeeiros não bastasse. Olho para o chão e tento contar todas as flores que já cairam, para então entender que só para o ano conseguirei contar ainda mais.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Do Arroz

O primeiro mês da estação principal começa. O último dia do fim de semana é passado numa festa de um baptizado, nas redondezas da cidade. O almoço fica marcado pelo arroz de gambas com tamboril deliciosamente apurado, com o refogado e os coentros. Ainda no fim do almoço um espectáculo de versões e originais de canções populares. O descanso chega no fim do dia, com um banho de imersão. O primeiro dia da semana é pontuado com a preparação da refeição: sopa, frango no forno e arroz. O arroz, rico em hidratos de carbono, ingrediente principal para as comidas diárias deste mês de Junho.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Abandono e Abafamento

Os dias voltam a ser abafados, de um calor imenso que perdura até à noite. Dentro do carro liga-se o ar condicionado para que as viagens circulares sejam aprazíveis. As primaveras antigas que se celebram rodeadas de netos e de uma cópia de uma película cinematográfica de um mundo imaginário e irreal de seres e raças que não existem, inspirada no início da história do Livro do Êxodo. E o calor continua. Chego cedo e refugio-me dentro do edifício, onde novamente o ar condicionado torna o ambiente mais agradável. O abandono nas águas do rio, o abrigo em sítios onde a temperatura pode ser controlada nesta Primavera que por vezes abafa.