Mal-entendido
Quando o assunto parecia arrumado, toma de novo uma centralidade que importa analisar agora. Já se sabia que o texto que o Guillul tinha escrito pós-concerto de apresentação do Cruz Vermelha Sobre Fundo Branco tinha sido um pouco ao lado. Os meninos ricos que o Tiago se referia pertenciam ao público, baseado numa análise subjectiva e dúbia, na minha opinião. Nesta época em que os mal-entendidos são a verdade que fica é preocupante a imagem que este jornalista quer colar aos Golpes. Haja mais pensamento próprio e individual.
26 Comentários:
Caríssimo Almirante:
Não tinha consciência de que "já se sabia" que o texto do Tiago tinha sido "ao lado". E não sei onde foi buscar a ideia de que - limitando-me eu a citá-lo tal qual - pretenderia "colá-lo" à banda. O que, mesmo que o fizesse, e não fiz, nem me pareceria demasiado abusivo: o que o Tiago ali descreve é a atmosfera de um concerto (coisa que, naturalmente, envolve público e banda) e a sensação que ele ali pressentiu. O que, vindo do próprio interior da cena Flor/Amor, adquire, irremediavelmente, alguma importância.
De resto, dizer que "rich kids wanna have fun" não é propriamente ofensivo de ninguém - suponho que os "rich kids" também têm direito constitucional à "fun". Não há que ficar precocupado nem temer pela carência de "pensamento próprio e individual". Até porque - não é que me queixe, até dá pica - se, aqui e ali, apanho com uma ou outra bala perdida, costuma ser, exactamente, pelos motivos opostos.
A caixa de comentários do PdC está à disposição. Um abraço (ah... já agora, o disco da St Vincent é mesmo muito bom!).
João Lisboa
Respondido na caixa de comentários do blogue Provas de Contacto.
ramos, permite.me a liberdade de utilizar este teu espaço para dizer que a crítica em causa é, de longe, a mais insipiente que já li escrita por joão lisboa. dizer menos sobre alguma coisa era impossível.
cumprimentos
Caro José,
É uma contextualização e não uma crítica. Contextualização a partir uma opinião pessoal sobre um concerto de um conhecedor profundo da "cena". Enfim, o jornalismo superficial no seu pior/melhor.
Cumprimentos.
É muito engraçado que se aponte o dedo a uma banda porque esta se inspira nos Heróis do Mar.
Toda a gente sabe que a música pop funciona num sistema de franchising, é verdade.
O que eu acho estranho é que tantos condenem uma banda por investir no franchising Heróis do Mar e não condenem - pelo contrário, passem a vida a venerar - os milhares de bandas de rock indiferenciadas que vão buscar todas tudo o que sabem fazer aos Beatles e a mais uma mão cheia de conjuntos.
Não é melhor haver uns segundos Heróis do Mar do que uns 45769ºs Strokes-Rammones-Rolling Stones?
Eu acho que é.
PS: só um comentário amigável à imagem "there's probably no God" do João Lisboa (pessoa que eu estimo): É por talvez não haver Deus que devíamos estar preocupados, não por haver. Se houver está tudo bem ;)
Um grande abraço ao Almirante, ao João Lisboa e aos demais.
Oh Pedro, o que se está a discutir é a conta bancária e não a indumentária. Ou melhor, a partir da indumentária e dos costumes chegou-se à conta bancária. Luta de tecidos. As classes pertencem à escola. Abraço forte.
Olha, ainda continuou por aqui...
"a crítica em causa é, de longe, a mais insipiente que já li escrita por joão lisboa. dizer menos sobre alguma coisa era impossível"
Se for alguma coisa, é "inCipiente". E já disse ainda menos, nesta, por exemplo:http://lishbuna.blogspot.com/2007/04/com-sangue-nas-unhas-tom-waits-real.html
"o jornalismo superficial no seu pior/melhor"
Muito haveria a dizer acerca de "superficialidade". Mas prefiro continuar a citar outros: "só as pessoas superficiais não julgam pelas aparências" (Oscar Wilde)
"O que eu acho estranho é que tantos condenem uma banda por investir no franchising Heróis do Mar e não condenem - pelo contrário, passem a vida a venerar - os milhares de bandas de rock indiferenciadas que vão buscar todas tudo o que sabem fazer aos Beatles e a mais uma mão cheia de conjuntos"
Nunca "condenei" nem espero vir a "condenar" ninguém. Evitei sempre cuidadosamente uma carreira em Direito. Mas já demoli com imenso e pérfido prazer umas boas dezenas dessas criaturas que refere. Conferir, por exemplo, aqui: http://lishbuna.blogspot.com/
"só um comentário amigável à imagem "there's probably no God" do João Lisboa (pessoa que eu estimo): É por talvez não haver Deus que devíamos estar preocupados, não por haver. Se houver está tudo bem ;)"
A minha relação com deus é exactamente igual à que mantenho com o telemóvel: nunca me foi necessário, logo, não uso. E convém não esquecer que o telemóvel, para um crescente número de pessoas - crentes, ateus e agnósticos -, tende a ser muito mais necessário do que deus.
"o que se está a discutir é a conta bancária e não a indumentária. Ou melhor, a partir da indumentária e dos costumes chegou-se à conta bancária. Luta de tecidos. As classes pertencem à escola"
Já agora: e que tal desafiar o Tiago - foi porque O citei que esta conversa começou - para pegar numa das pontas do nó?
Abraços equitativamente distribuídos.
Caro João,
Penso que será tudo uma questão de moda e miopia. O Tiago avaliou os amigos da banda como meninos ricos e daí partiu para a política. Eu olho para as mesmas pessoas e vejo os meus amigos, filhos dos amigos dos meus pais. Gente que trabalha para ter a casa onde vive e pagar eventuais colégios privados. Longe dos meninos ricos que vemos nas séries americanas, cuja imagem está mais próxima de uma festa privada na Quinta do Lago que um concerto d'Os Golpes no Santiago Alquimista. Uma questão de moda e miopia, repito. A citação do Oscar Wilde é vaga. Agora, porquê associar isto tudo aos Golpes, continuo sem saber. Daí o mal-entendido que deu origem a isto tudo.
Abraço,
Almirante.
Outra questão completamente diferente é a crítica a um disco. É dessa superficialidade que falo. Na crítica não se escreveu sobre uma nota ou sobre uma letra de uma canção. Se esta forma, a citação de um texto sobre o concerto de apresentação do disco em causa, escrito pelo líder da FlorCaveira, é a forma escolhida para avaliar as canções de um disco d'Os Golpes, banda da qual faz parte o mentor da Amor Fúria, qual é o objectivo caro João Lisboa?
Finalmente, a comparação com a crítica ao Real Gone do Tom Waits é intelectualmente falhada. Nesta crítica o João cala-se para dar voz ao artista. Na crítica aos Golpes cala-se para dar voz ao artista que admira. Espero ter sido claro. Não ter razão é como defender o seu rei em xeque-mate. Fim de citação.
Em relação aos dois últimos comentários:
- tanto no texto dos Golpes como no do Tom Waits, optei por "me calar" e dar a palavra. Num, ao próprio Waits e à estatística, no outro, a um comentário que, desde o momento em que o li, me intrigou. Disse que achava o disco bom, embora, obviamente, irmão bastante gémeo dos Heróis e gente coeva, e situei-o no actual contexto Flor/Amor. Podia, facilmente, nos 1400 caracteres que tinha à disposição, ter-me debruçado mais sobre o miolo do disco. Mas, naquele momento, naquela noite, pareceu-me que podia ser a altura para tentar desencriptar aquela observação do Tiago. Que é o que, afinal, melhor ou pior, de caixa de comentários em caixa de comentários, temos andado a fazer. E continuo na minha: não me parecia despropositado, desafiar civilizadamente - como temos estado a fazer - o Tiago para largar os seus dois cêntimos por aqui...
Abraço.
Desculpem lá, este falso-beef não tem suficiente caralhada e pimenta na escala Almirante.
(um bocejo para todos)
caro joão lisboa,
aconselho.o vivamente a consultar um dicionário da língua portuguesa:
insipiente (adj. 2 gén.)
1. que nada sabe, néscio
2. imprudente
não sou jornalista como o joão. mas sei escrever.
Caro João, não somos nós que usamos Deus, é ele que nos usa a nós ;)
É justo, João Lisboa já demoliu muitos desses seres pré-fabricados de que não gostamos, é verdade.
Mas então mais razão tem o almirante quando diz que a discussão é sobre indumentárias e contas bancárias. Porque os golpes nem se quer são assim tão parecidos com os heróis do mar a não ser como nesses dois pontos!
Eu conheço bem os discos dos Heróis do Mar e quando oiço o disco dos golpes não há um só momento em que eles sonoramente me façam lembrar os Heróis! Só temáticamente, mais nada - de resto os Golpes têm imenso é de Smiths, Sonic Youth, Arcade Fire, Television, e outros. Pouco de Heróis do Mar, que eram muito mais pop.
Sobre eles terem dinheiro - já era tempo de os ricos fazerem arte, porque é que têm de ser sempre os pobres a salvar a cultura popular?
Beijos para todos.
"caro joão lisboa,aconselho.o vivamente a consultar um dicionário da língua portuguesa"
Done:
"incipiente", adj. 2 gen. que começa; principiante.
Foi exactamente neste sentido que o li. Não me passou pela cabeça que me quisesse chamar "néscio" ou "ignorante". Ah... e não sou jornalista. Nunca fui nem quero ser. Limito-me a escrever num jornal. Coisa diversa.
"não somos nós que usamos Deus, é ele que nos usa a nós"
... isso é que já me parece um bocadinho abuso de confiança... nunca Lhe autorizei tais intimidades. Agradeço que Lhe explique isso.
Finalmente percebi a diferença entre a Flor Caveira e a Amor Fúria: os da Amor Fúria são os choramingas.
Oh Almirante, esse "não me toques que me desafinas senhor crítico" é típico de um menino rico e mimado. Rich Kids just wanna have fun, but they're no fun at all.
Bem dito.
"Mas então mais razão tem o almirante quando diz que a discussão é sobre indumentárias e contas bancárias. Porque os golpes nem se quer são assim tão parecidos com os heróis do mar a não ser como nesses dois pontos!"
Cuidado. A indumentária e a conta bancária que referi era a das pessoas do público e não da banda.
Que confusão que para aqui vai, com juízos inquinados sobre as editoras e as pessoas envolvidas e tudo.
O meu objectivo com esta entrada foi chamar a atenção para a recuperação de um texto quase esquecido, como objecto principal de uma crítica a um disco que nada tem a ver com o Tiago Guillul e com a FlorCaveira. Já sei agora que se trata de uma investigação pessoal, aproveitando a crítica a um disco e o espaço mediático. Levanta-se até uma questão ética aqui. Já disse anteriormente que seria bom também começar a separar as notícias em relação a cada editora/entidade quando estas têm de ser separadas. Basta de poeira informativa e de investigação pessoal.
Acho que a Amor Fúria devia remeter-se a um black out de tempo indeterminado.
Caro Miguel,
Altero em nome da verdade o comentário que está escrito. Deverá ser lido da seguinte forma:
"Acho que o Almirante Ramos devia remeter-se a um black out de tempo indeterminado."
Verdade reposta.
Caro Alfonso, a forma mais eficaz de compreender as diferenças entre a Amor Fúria e a FlorCaveira é ouvindo a música e não procurando na internet ou nos críticos.
Este comentário foi removido pelo autor.
Eu acho que a Amor Fúria devia continuar a editar discos e a fazer do mundo um lugar melhor.
Caro João,
Deus não pede autorização. Mas sobre esse assunto o João pode falar com Ele directamente, não precisa de ser através de mim.
O quê?! Não há aqui gajas nuas?! Enganado outra vez...
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