terça-feira, 30 de setembro de 2008

Sobre a vaidade

Está tudo resumido neste vídeo, "Prince Charming" dos Adam and the Ants, até onde vamos subordinados pela vaidade. Um bom espécimen da nova vaga anglo-saxónica do final dos anos 70 e princípio dos anos 80. Entre a moda e os ícones, prefiro os ícones. O pior é quando os ícones ficam na moda. Quanto à parte musical, anote-se a excelente percussão e os coros de vozes baixas. Quanto à maquilhagem, ao pé do Adam Ant, os Tokio Hotel são, de facto, uns meninos.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Coração Partido

Voltando aos VMAs, é preciso dizer que nem tudo deve ter sido mau. Desconfio que a parte ao vivo do Kanye West a apresentar a "Love Lockdown" foi o único momento brilhante de toda a emissão. O coração a bater sobre a lapela e tudo mais vale muito. Cantada com a voz sintetizada, marcada pelo ritmo cardíaco e varrida por percussões tribais sobre o refrão, "Love Lockdown" é o primeiro avanço para 808s & Heartbreak. Apesar de estar triste, é bom continuar a escrever bem do Kanye.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Magnífico Material Inútil

No fim interessam apenas as canções. Tal qual John Lennon e Paul McCartney, Jónatas Pires e Filipe Sousa compõem os temas e intercalam as vozes durante o álbum. Como nos Beatles, o forte d'Os Pontos Negros são as canções, boas canções, que começam, duram o tempo certo e depois acabam. Single atrás de single é contruído este novo capítulo da banda de Queluz, agora mais adulta que antes, mas eternamente adolescente. Os coros afinados, o ritmo imparável, as letras desconcertantes e a pergunta sem resposta, porque é que não há mais bandas a tratar a língua portuguesa assim. Como foi possível passar tanto tempo até chegar uma banda que levasse o pope roque cantado em português a um outro estágio? Nesse caso sim, Os Pontos Negros serão para Portugal os que os Strokes foram para o mundo, a salvação do pope roque nacional: "as tuas mãos não terão mais sangue."

sábado, 20 de setembro de 2008

Mundo do futuro

"No mundo do futuro o muro já caiu." A frase está numa música dos Smix Smox Smux e é uma das melhores frases escritas em português desde "Stucomat é uma grande tinta." Se incrivelmente estas duas ideias estão no mesmo tema e este fala ainda da forma de cantar com a voz a tremer e cheia de oh oh ohs, do Michael Night, do Rocky, por cima de um roque à Pavement, está feita história. Se até há bem pouco tempo os Smix Smox Smux detinham as letras mais satíricas do myspace nacional, passaram a partir de agora a ter também a melhor frase para ser escrita nas paredes do Bairro Alto. Chama-se "Anos 80" e estará brevemente editada ou disponível para audição no espaço da banda.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Caminhada

Chegar é o objectivo final de uma caminhada. Mike Skinner no seu último teledisco. Ruas, barcos, carros, estradas, relva, povoações, pontes, árvores, ruínas, vales, rios, túneis, areia e dunas. O objectivo final de uma caminhada é chegar. "The Escapist", The Streets.

domingo, 14 de setembro de 2008

Anos 70 e muitos



Uma sondagem do Blitz.pt conclui que os anos 80 são a melhor década da história da música. Não posso concordar com esta conclusão, a melhor década da pope são os anos 70 e muitos. Não haver a hipótese de votar na década oculta entre os anos 70 e os anos 80 é esquecer o período mais criativo e mais influenciador de tudo o que veio depois. A Certain Ratio são a última descoberta deste período que ainda não me deixou de surpreender. Oriundos de Manchester, editados pela Factory de Tony Wilson, já são a minha nova banda favorita. Early, a compilação da Soul Jazz editada em 2002, é um bom resumo de uma banda que interpretou como ninguém o espírito da música de dança pós-panque. Apenas mais um agrupamento da melhor década de sempre.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Céu Enlameado

Este ano não assisti em directo aos Video Music Awards. É sempre um momento privilegiado para assistir à política da grande indústria musical americana. Mas hoje, num mundo musical cada vez mais estilhaçado, os prémios da MTV têm menos força e são apenas um bom formato para anunciar ou reabilitar as estrelas do momento. A consagração de Britney Spears diz mais do que possa parecer, afinal o momento pope de Andy Warhol transformou-se no momento non stop de Britney Spears. Assistimos a mais um episódio da novela da vida real da celebridade, que de um ano para o outro passa da lama para o céu, da performance falhada aos prémios. O novo dos TV on the Radio já circula por aí.

domingo, 7 de setembro de 2008

Linha de Baixo



Existe um momento no filme-concerto "Stop Making Sense" que se entende claramente que estamos a assistir a um espectáculo único na história musical. É ouvir a linha do baixo de "Making Flippy Floppy" e dizer para o lado "que grande linha de baixo", começar a flectir os dedos do pé e sentir o coração a acelerar. Espontaneamente pensado segundo a segundo, "Stop Making Sense" é o documento fulcral da carreira dos Talking Heads e uma das mais belas captações de imagem e som dos nossos tempos. O nosso David Byrne de Oeiras já fazia uma coisa destas.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Fim de Agosto

Apesar de tudo, a banda sonora do filme "Aquele Querido Mês de Agosto" merecia esta canção. E uma direcção de actores a sério porque a cinematografia e a parte documental satisfazem bastante.

No fundo da avenida
Bebendo um capilé
Quarenta graus à sombra
Nas mesas do café
E aquela rapariga
Eu já nem sei o que dizer
O que fazer

Mediterrâneo Agosto
É pleno Verão
O sol a pino
E eu faço uma revolução

Parte um navio
Desce a maré
Vejo o céu vermelho
Tomara que estivesse a arder
E aquela rapariga
Eu já nem sei o que dizer
O que fazer

Mediterrâneo Agosto
É pleno Verão
O sol a pino
E eu faço uma revolução

Eu só te quero a ti
Eu só te quero para mim
Agosto aqui para mim
Só teve um fim
É ter-te a ti
Só para mim

Radar Kadafi "40º à Sombra"

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Neo-violência

Voltar de Mizarela, na zona da Guarda, e ser recebido com The Tough Alliance faz todo o sentido. Existe um contraste entre a dureza da paisagem das montanhas que circundam esta pequena aldeia de Portugal e a frescura do rio Mondego acabado de nascer alguns quilómetros acima. É o que acontece com o duo sueco, a rigidez do nome e da imagem são o oposto do som macio que se cola ao ouvido à primeira audição. O final do vídeo de "Neo Violence", com o sorriso popularizado pelo Acid House, diz imenso sobre o interior do meu país.