quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Adormecer

Adormeço logo a seguir ao jantar ao colo da minha mulher ali no sofá. Acordo passado algum tempo. Oiço de novo o som da ilha paradisíaca no meio das Caraíbas. O sono conduz-me até ao aconchego da produção sonora do estúdio um e das editoras para a alma. Ainda não percebi se é por estar a ouvir de novo este som repetitivo que adormeço como uma criança no colo da sua mãe, ou se adormecer junto da minha mulher leva-me a ouvir de novo as raízes da produção que me estimula e entusiasma, porque faz adormecer. Só adormecendo é que se pode sonhar, colado ao corpo quente feminino ou com o som cavernoso que os meus auscultadores exalam.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Tocar os Sucessos



O documentário sobre o último concerto dos LCD Soundsystem e sobre o fim da banda valeu imenso. Assistir de pé e a dançar às imagens e ao som do derradeiro concerto da banda, pessoas a dançar a ver outras pessoas a dançar. A entrevista sobre o fim e o dia seguinte ao fim. James Murphy, o líder da banda, tornou-a num acontecimento cultural global do início deste século. Durou dez anos e não poderia durar mais, porque está tudo feito e cumprido. Dessa forma faz todo o sentido acabar a banda com um concerto preparado ao milímetro para ficar registado nas câmaras e nos microfones. Um filme sobre a necessidade de partilha, amizade, sentido de vida e também sobre a solidão numa grande metrópole.

sábado, 27 de outubro de 2012

Adrenalina

Nos últimos dias a rotina deu lugar à excitação. A decisão de avançar com o que estava decidido há muito tempo provoca adrenalina que começa a percorrer o corpo através da corrente sanguínea. Nestas entradas dá para contextualizar aquilo de que escrevo: aqui, ali e acolá. O espaço mental surgiu porque está desocupado e desanuviado. Há muita vontade e há ideias, muitas ideias a surgir de tantos lugares. Ideias que já tive e que fui amadurecendo. É difícil captar tudo e explicar devidamente o resultado pretendido. Até já apareceu a capa ideal. O disco mais estival do meu inverno está quase a surgir e isso é bom e causa adrenalina.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Murillo



As Duas Trindades
Bartolomé Esteban Murillo (1682)
Óleo sobre tela
293 cm × 207 cm
National Gallery, Londres, Inglaterra

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Pela Alegria

Só lá chegamos pela alegria. Pelo sentimento de preenchimento do coração e da alma. Pela segurança de chegar e saber que é ali que queremos estar. A tal bússola que guia o nosso caminho. A alegria é coisa séria. Se um dia algo nos fizer esquecer do momento em que sorrimos ao pensar no que podíamos construir depois de o ter sonhado, então que a nossa memória nos faça recordar a temperatura de fervor que nos enchia os nossos pensamentos quando projectámos e vimos o que queríamos ser. Só nessa altura fomos verdadeiramente capazes de ser alegres.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A Ida e a Volta

Assim que o tempo vai passando é definido mais claramente o percurso de ida e volta para o novo local de trabalho. Neste momento o percurso de ida é diferente do percurso de volta. Para ir prefiro as manhãs junto ao rio para chegar à estação de metro mais próxima. Para voltar prefiro o percurso interior e o comboio que me leva até ao apeadeiro de Marvila. Há diferenças entre estes dois caminhos, que espero explorar em próximas entradas no blogue. O amanhecer leva-me até à margem do rio e o fim de tarde traz-me até ao interior do bairro e às zonas esquecidas da nossa cidade, por entre o caos e a norma.

sábado, 13 de outubro de 2012

Bumerangue

A memória funciona como um bumerangue que descreve uma elipse quando é lançado. Na maior parte das vezes a memória de um episódio está longe e praticamente esquecida. Quando o objecto volta às nossas mãos regressa com imagens e sons que nós próprios já nem sabíamos que tinham acontecido. Lembrei-me da festa de casamento do meu tio Pedro, primo direito da minha mãe, que nos deixou ontem de tarde. Recordo o sítio, uma grande casa no Ribatejo na margem direita do Tejo. Foi uma festa e eu tinha apenas alguns anos de idade, mas lembrei-me do portão da casa onde aconteceu, da festa ter durado imenso tempo e de ter dançado muito e regressado com os meus pais no fim. Ontem regressaram tenuamente alguns desses momentos.

domingo, 7 de outubro de 2012

Como Antes

É a humidade que circunda a zona junto ao rio ao início da noite. Vejo o cruzeiro gigante que atracou ao início do dia e vi passar no rio e parte ainda antes do dia terminar. Dia para tratar da casa e da fotografia para a sala. Noite para ir buscar o teclado que entra em casa sem pedir licença, após quase um ano de ausência. Termina-se regressando ao centro da cidade ribeira e à humidade. Encontros e conversas com a gente da minha idade, que já não vislumbrava faz alguns anos, para finalmente terminar na rua da cintura do porto, via única para voltar à casa que nos abriga. E tudo volta a ser como antes.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Recém-Nascido

A imagem de um recém-nascido é de uma força de tal ordem que abana com a estrutura que dá corpo à nossa existência. Do nascimento brota a maior força e também a maior humildade. Sabemos ao olhar para a pequenez daquele bebé que todos nós fomos assim e dessa forma fomos todos nados-vivos e indefesos perante este mundo. Por isso naquele dia estamos acompanhados pelos pais, pelos avós, pelas tias e tios, pela família que nos quer bem e espera o melhor para nós. É essa a imagem que ecoa, a de uma enorme expectativa e esperança na nossa existência ao olhar para alguém com poucas horas de vida.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Bandas Sonoras

As bandas sonoras de filmes sempre foram um bom recurso para continuar a descobrir e redescobrir algumas melodias. Nos últimos dias comecei a ouvir John Barry, porque no fim de uma série televisa tocou uma canção da sua autoria e resolvi ir à procura da sua origem. Dessa canção para a restante discografia foi um passo, e daí passei para uma audição mais atenta. Haveria tanto a elogiar que não vale a pena estar a descrever a grandeza da composição e abrangência de John Barry. Ou da quantidade de obras que deixou ao longo da sua vida. Como de costume deixo uma canção a rodar nesta entrada, neste caso tema de abertura de uma série televisa dos anos setenta do século passado.