Chegada Oficial

É oficial: chegou o Verão. O calor manteve-se mais de dois a três dias e parece que veio para ficar. Apesar da aparente felicidade com o início deste texto, não há nada mais natural que este tempo nesta altura do ano. Finalmente podemos arrumar os casacos mais quentes que ainda usávamos à noite até ao fim da semana passada. A piscina volta a ser o local mais indicado para se estar, a praia ainda pode esperar. Vamos aproveitar o último Verão com piscina em casa dos avós como se fosse o primeiro Verão em que a piscina apareceu, mesmo que esse aproveitamento se resuma a um mergulho no primeiro dia de cada semana. É o suficiente para cimentar todas as memórias com esta chegada oficial do Verão.

Postal para Houston

Estou mal habituado, desde que casei há sempre comida na mesa e sempre bem cozinhada, com imensa variedade, imenso estilo e saborosa. A maior parte das vezes é a Ana que cozinha. A ausência da minha mulher, em estágio nos Estados Unidos por um mês, obrigou-me a tratar da preparação das refeições diariamente e até agora tenho conseguido superar-me. Do salmão no forno com cerejas e batatas até à pasta com pimento, bacon e ovo. Sei que não sou um cozinheiro exímio mas quando me esforço lá me vou safando. É precisamente isso que está a acontecer. Que este tempo de ausência seja recompensado no regresso por um aprimorar daquilo que vou confeccionando cá em casa.

Dificuldade e Certeza

A noite mais pequena do ano trouxe um concerto difícil em que algumas das canções não saíram como queríamos. No entanto foi muito bom voltar a pisar um palco com a Ana, após mais de um ano e meio, e a recepção calorosa e generosa da plateia fez com que a sala de concertos do Bartô se transformasse na nossa sala de ensaios, num concerto que serviu de tubo de ensaio das novas canções no meio de outras que já tocávamos. Acabámos por compensar os erros e as falhas com a entrega e com a verdade das nossas canções e a dificuldade que experimentámos naquele palco irá tornar-se na maturidade que surgirá nos próximos concertos, com toda a certeza.

Concertos

Depois de um concerto, outro concerto. Do belo fim de tarde passado no Quintal, no Porto, até à noite de solstício no Bartô, em Lisboa. A tarde foi magnífica, com o sol a passar por entre as árvores até chegar ao pátio interior daquela loja de produtos biológicos, onde passeavam gatos e pessoas. A noite de amanhã está a ser preparada, com a apresentação de um concerto maior e com mais canções. Há ensaios de vozes e decoram-se as letras e os acordes de teclado. Amanhã, na noite do regresso d'O Verão Azul, apresentaremos à nossa cidade o fogo de artifício, entre outras canções.

Encontro

Hoje parto rumo ao Norte para apresentar o disco "Aula de Surf", que gravei no fim do ano passado. É uma oportunidade que surgiu pela amizade que nasceu num fórum de melómanos e num concerto de Dizzee Rascal na cave da Casa da Música. Depois disso ainda existiu um festival de Primavera. A distância entre Lisboa e o Porto é suficiente para que não seja possível o encontro mais frequentemente. Daí que este evento que representa um encontro seja excepcional. Será um concerto com recursos caseiros e num espaço que não costuma receber concertos. Cada um de nós irá levar as suas máquinas e os seus teclados e irá fazer do som, a matéria que nos une, o meio principal para chegar a cada uma das pessoas que estiver ali a assistir.

Santos Populares

A escuta das misturas finais do próximo single e a preparação para os concertos marcam a rotina do mês dos santos populares. Em vez da romaria pelas ruas e bailaricos dos bairros da nossa cidade, gravamos canções em estúdio e ensaiamos aqui em casa. Não é necessariamente uma troca ou uma escolha. Seria bom ter tempo para poder fazer tudo o que queremos e desta forma comemoramos a tradição com a renovação deste tempo de agora. O fogo de artifício na cidade até ser dia. Será esta a epígrafe para o nosso concerto na noite mais curta do ano em mês de santos populares.

As Andorinhas

Agora que mais uma semana termina começo a recordar os dias mais quentes do início deste período e as andorinhas a voar à minha janela ao fim da tarde. Como ainda é Primavera os pássaros migratórios vão regressando para a nidificação. Os aguaceiros e a chuva que voltaram a aparecer no último dia da semana indicam que ainda estamos na estação transitória entre o Inverno e o Verão. Já não chove com a abundância que choveu há uns meses atrás e o calor ainda não dura mais do que dois a três dias. É chegada a hora das primeiras gravações com a imagem impressa de um bando de andorinhas a voar à porta de casa.

Natural e Milagroso

A marcação de um concerto ajuda a definir e a terminar a estrutura final das novas canções. Com a marcação do concerto de regresso d'O Verão Azul definem-se as batidas, o ritmo que irá acompanhar as melodias do sintetizador e das vozes. Surge pela primeira vez um arranjo à viola para uma canção quase de embalar dedicada à nossa sobrinha Leonor. Está a ser um processo natural e milagroso, ao mesmo tempo. Natural, porque há uma apetência genuína para fazermos canções em conjunto. Milagroso, porque a banda podia ter ficado no primeiro disco de quatro canções e existiu vontade e tempo para fazer um disco inteiro, que esperamos gravar no fim do Verão.

A Despedida

Quando nos despedimos de alguém sabemos que vamos ficar mais longe e por isso os olhos criam lágrimas que expressam a tristeza que ocorre na nossa alma. Neste caso particular, em que alguém da família mais próxima parte para outro país, pode significar também uma oportunidade de aproximação. A aproximação terá de ser feita através de um acompanhamento maior, com vídeo-chamadas e a vontade de estar presente nos momentos de reencontro. A despedida pode tornar-se assim uma oportunidade de uma maior proximidade. Até porque a esperança renasce com a mudança e com a possibilidade de podermos acreditar novamente.