sábado, 15 de julho de 2017

Eternidade

Tudo começa com o corte do cordão umbilical, o primeiro choro, o toque pele a pele, a primeira mamada. Tenho tido o privilégio de assistir aos primeiros momentos dos meus filhos. No nascimento do segundo cortei o cordão umbilical, que liga o bebé à mãe. O momento do parto é de uma violência amorosa clara. O esforço conjunto da mãe, do bebé e da equipa hospitalar conflui no nascimento, em que vemos e tocamos o recém-nascido. Recordo aquilo que já escrevi anteriormente sobre isso. Agora que já passaram alguns dias desde o nascimento é bom reviver esse tempo, como um filme em câmara lenta em que as imagens param e o som é sustentado por uma nota só durante largos segundos que parecem eternos. É essa eternidade que alcançamos quando somos testemunhas de um tão grandioso acontecimento. Ficamos para sempre marcados, eternamente imbuídos de felicidade.

domingo, 2 de julho de 2017

Família Completa

Seriam cerca das oito horas da noite quando recebi o telefonema da minha mulher que ligou para casa. Tinha o telemóvel no silêncio e estava a preparar-me para deitar o filho mais velho. "Pedro, o António teve alta." O sol quase a pôr-se e vesti o nosso filho de novo para ir buscar a família ao hospital. O filho mais novo já tinha nascido há uns dias, mas ainda não tinha condição médica para sair até ontem. A excitação era muita, houve pulos e manifestações de alegria. Chegámos ao hospital e abraçámo-nos. Após a última refeição do mais novo na maternidade, voltámos a casa e entrámos pela primeira vez como uma família completa. Finalmente e passado tantos dias estávamos todos juntos. Houve algo de ficcional e ao mesmo tempo natural nesta chegada da nossa família a casa. Um momento de uma página de um romance, um episódio quotidiano dos próximos anos em família.