sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Paradoxo

Esta semana de descanso a meio da rotina foi também a semana em que a temperatura do ar desceu consideravelmente. As temperaturas estão mais baixas e os dedos das mãos ficam frios rapidamente quando estamos no exterior. No sentido diametralmente oposto o coração está cada vez mais quente e preenchido. Começar a queimar os primeiros discos compactos com a parte instrumental do disco d'A Praia Grande significa que está cada vez mais próxima a edição do meu primeiro disco a solo. Daí que exista este paradoxo entre a temperatura do ar e a do meu interior. À medida que uma vai baixando a outra vai subindo, porque se instala a constatação de que fui capaz de executar o que pretendia.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Reaproximação

Neste último ano que passou foi menos frequente escrever sobre edições discográficas, concertos ou canções. A explicação deve-se sobretudo a um afastamento maior, depois de um ano exaustivo, tanto a nível profissional como pessoal. Felizmente o Verão foi bom conselheiro, e a partir do momento em que as atenções se voltaram de novo para o essencial a reaproximação às lides musicais foi natural e evidente. Nos últimos três meses regressei ao activo, ainda que de uma forma mais discreta, e vejo com alguma emoção o regresso às edições discográficas de gente que admiro e oiço, como o do Tiago Cavaco (ex-Guillul) e do Manuel Fúria, por exemplo. Desta vez têm a minha companhia.

domingo, 25 de novembro de 2012

Do Fim do Dia

Retomo a descrição dos meus caminhos diários. O regresso é feito ao fim da tarde, antes da mudança de hora ainda com a luz do sol e agora já de noite. O percurso de regresso, no fim do meu dia de trabalho, faz-se pelo centro da cidade subindo a avenida Almirante Reis até ao Areeiro de metro, para depois apanhar o comboio até ao apeedeiro de Marvila. O comboio é o meio de transporte ideal para observar as paisagens semi-urbanas do vale de Chelas. Depois faço o caminho a pé pelo meio das pedras negras da Azinhaga dos Alfinetes, com os gatos e roedores, até chegar à escadaria que desço até minha casa. No alto dessa escadaria observo o imenso estuário do Tejo, os pilares da ponte Vasco da Gama e as gruas do porto de Lisboa, a vista a oriente que anuncia o fim do dia e a noite que se aproxima.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Ondas a Rebentar

Ondas a rebentar, na praia, onde elas devem rebentar. Acabando esse imenso mar na terra, embatendo contra a terra, erodindo as rochas e transformando-as em areal. Paredes, chão, madeira, mármore com inscrições sagradas, orações que começam com a sua leitura e proclamação. Tudo isto em imagens que se vão repetindo até à exaustão. Pessoas aparecem, falam para outras pessoas, questionam-se e entristecem-se. Tudo isto na tela de uma sala de cinema até o sono fechar as pálbebras dos nossos olhos pacificando por fim tudo o que nos tinha levado até ali, para depois voltar no dia seguinte e continuar a ver ondas a rebentar.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Outono Primaveril

Está um Outono ainda assim bastante primaveril. Com chuva quanto baste para que as plantas e as flores voltem a nascer na minha varanda. O sol também vai aparecendo e o frio que se instalando é combatido com caminhadas e com casacos mais quentes. As botas também começam a fazer parte da indumentária diária. À parte destas consequências, quando a temperatura baixa dos quinze graus, sou obrigado a reconhecer que ainda assim tem sido bom ver tudo a renascer, tanto as flores nos vasos que vamos encontrando pela cidade, como as verduras por entre o empedrado de algumas estradas e nas calçadas.

sábado, 10 de novembro de 2012

Do Abismo

A segunda parte da noite dos amigos e dos concertos terminou com uma viagem no autocarro da rede da madrugada, que ia cheio até ao Prior Velho. Antes uma conversa grande sobre isto que andamos aqui a fazer com um grande amigo e com um dos artistas do colectivo. A noite é um local e um espaço de perdição e de proximidade com o abismo. O tal abismo em que caí e consegui sair. Vi corpos a ser sacudidos pelo autocarro porque os pés não conseguiam segurá-lo. É isto mesmo que acontece no abismo, somos sacudidos pela força da queda e do embate e acordamos com feridas expostas e ossos partidos.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Água a Cair

Olhava pela janela daquele bar do teatro e chovia bastante, como já não chovia há muito tempo. Era noite de regresso aos concertos, depois de um período largo sem ir a eventos de forma frequente. Iam passando canções, acordes e sons à minha frente. E a chuva continuava a cair constantemente, tal como os concertos que se sucediam. Depois os concertos acabaram. A chuva também deixou de cair. A noite de chuva e concertos terminou, num dos casos de forma abrupta. Já a água que caiu do céu nessa noite foi parando de forma mais tranquila. Os dias passaram e o que permanece é essa imagem da água a cair iluminada pela luz dos candeeiros.

sábado, 3 de novembro de 2012

Percurso Matinal

Volto à entrada da descrição dos caminhos da nova rotina diária. Começo pelo percurso de ida, que é feito junto ao rio e aos contentores do porto de Lisboa para entrar na rede do metropolitano em Santa Apolónia e sair na estação dos Anjos. Concentro a minha atenção no momento em que estou no autocarro, quando subo a rampa no fim do vale de Santo António. É nesse momento que passa a ser possível olhar a imensidão do estuário do Tejo e observar o reflexo do sol nas águas do rio, formando um espelho de luz dourada. Também se vê a margem sul do Tejo, o Barreiro e o Seixal, e ao fundo a Serra da Arrábida. Esta é a vista do meu percurso matinal.