sábado, 24 de dezembro de 2016

Já está

Ao início do dia chegou o bolo, com uma figura tridimensional de um boneco animado, o seu preferido. Ao início da tarde chegaram os balões para a festa. Tudo se ia preparando para a festa do segundo aniversário. A meio da tarde fomos buscá-lo à sala na creche e cantámos os parabéns com todos os meninos da sala e as educadoras. Tinha uma coroa com o número dois e comeu três vezes um pedaço de bolo. Depois repetiu várias vezes "já está" e fomos para casa em família. A festa ia começar. Primeiro chegaram os bisavós e depois os avós e os tios. Chegou o momento principal, acendemos a vela do bolo de aniversário e começámos a cantar os parabéns a você. O momento mais especial ficou guardado até ao fim da canção. Nesse momento o nosso filho soprou a vela como gente grande e sorriu. Por fim repetiu várias vezes "já está". Foi nesse momento que se celebrou a vida de uma criança muito querida e assim se cumpriu o seu segundo aniversário.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Comboios

São comboios que apanho dentro da cidade para me movimentar. A vantagem dos comboios sobre outros meios de transporte é a sua passagem à hora programada. Por norma os comboios chegam sempre à mesma hora todos os dias. Isso permite imaginar uma rotina programada, um período de saídas de casa a horas específicas. A nova rotina que já se instalou não permite atrasos ou experiências. São horas específicas para acordar, para comer, vestir e sair. Apesar de ir sozinho, vou acompanhado por muita gente que tem exactamente a mesma rotina e raciocínio. O comboio pára nas estações, as pessoas entram e saem, o comboio segue a sua viagem até ao destino final, até chegar o dia de amanhã. No meio do caos de trânsito automóvel que se apoderou da cidade, andar de comboio pode significar a pacificação da deslocação pendular que obrigatoriamente todos temos de fazer para ir e voltar do trabalho.

sábado, 3 de dezembro de 2016

Palidez

Já não há muito mais para escrever no meio deste Outono que se vai instalando. Constato essa chegada nas folhas que caem das árvores, nas estradas em que circulo, fazendo viagens de ida e volta de um destino para outro. São folhas castanhas, amarelas, pálidas, velhas, caducas que caem lentamente ao som e sabor do vento. São pálidas e lindas. Caem pelo chão. Descrever este vislumbre é olhar para esse momento da descida da colina quando estamos parados no sinal vermelho à espera de arrancar. Coloco a primeira mudança e acelero até chegar ao sono tardio de mais um dia que passa. Esta magia de tudo acabar e recomeçar de novo, a palidez que vira alegria, a velhice que se torna infância, a época das luzes nas cidades que regressa todos os anos. Será que haverá algo mais para escrever.