domingo, 30 de outubro de 2016

Do Siso

Tenho tomado os comprimidos para as dores de quatro em quatro horas e fiquei em casa a descansar. A extracção de um dos dentes do siso, que teimosamente fui adiando, correu bem apesar da dureza do osso e da raiz que entortava e não deixava o dente sair. Marquei a consulta para a manhã do primeiro dia do fim de semana, para recuperar até segunda-feira. No final há mais um espaço vazio na minha boca e daqui a umas semanas arranco o último siso. A minha avó octagenária, que me telefonou à tarde para saber se tinha corrido tudo bem, disse-me logo que tinha ganho mais juízo. Como se a extracção de um dente me desse imediatamente mais sensatez e discernimento. Não deixa de ser curioso que após as mudanças profissionais e os fins anunciados de projectos editoriais haja um pouco mais de tino e de responsabilidade.

sábado, 22 de outubro de 2016

Absoluto

Passou o tempo e não existiu nada para escrever. O silêncio tem tomado cada vez mais este espaço, até chegar o tempo de ser absoluto. Como os pingos de chuva que caíam enquanto esperava o autocarro da rede da madrugada com os meus antigos mocassins calçados e via os carros e os táxis a passar. Em silêncio. Isto já depois de mais uma festa de aniversário numa casa na Lapa. Prepara-se o funeral da editora que um dia foi a razão da existência deste espaço. O pensamento desse dia entristece os dias que vão passando e desse acontecimento, mas como já foi escrito antes: das ruínas construiremos o futuro, da morte faremos vida. Para já é só o silêncio que vai dominando e alastrando. Não deixo de pensar que isso pode ser bom, preparar o que vem sem dizer a ninguém o que se passa.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Dia de Trabalho

Amanhã é mais um dia de trabalho, é feriado e há trabalho para desempenhar. Não há folga de meio da semana, a compensação é justa para quem abdica do descanso para trabalhar. Tem sido assim há alguns anos, não me posso queixar porque sempre me ensinaram que quem trabalha é recompensado. No meu discurso de motivação falei acerca disso mesmo, do desempenho no trabalho, na capacidade que todos temos de melhorar apesar de já fazermos bem tantas coisas, de termos de ser nós a fazer, porque senão alguém virá fazer por nós essa mesma função. Até ao dia em que surge algo melhor, algo que compensa mais, em que somos ainda mais valorizados. Só desta forma, motivado e positivo, se evolui e se cresce. Para que o dia que hoje acaba seja a base do degrau que subimos amanhã.