sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Frágil

Frágil, uma boa palavra para classificar o ser humano. Quem não o é? Hoje vou estar no Frágil, no Bairro Alto, no lançamento "oficial" do primeiro disco d'Os Quais, que tanta alegria vieram trazer a este espaço cada vez mais subterrâneo, feito de concertos em pisos negativos, que é o nosso país. Irei alternar discos mais uma vez, mas apenas durante uma hora. Curto, directo e sem preparação. Tal como as minhas respostas em caixas de comentários dos blogues. A Miriam Macaia, o Zé Castro e Samuel Úria também vão. Apareçam.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Pérolas a Porcos

Se há quem diga que as mais curiosas letras escritas na língua de Camões andam perigosamente à solta no disco IV de Tiago Guillul, também há quem diga o contrário. Não é preciso ser muito inteligente para entender a dor de estômago que começa a sentir-se por aí quando se fala do que se tem feito por aqui. O facto de já não se conseguir separar a religião de um disco, ou a língua em que se canta de uma canção, tanto para a louvar como para a denegrir, diz bastante. Das melhores pérolas que tive oportunidade de ler sobre um disco, um Meio Disco neste caso, andam perigosamente à solta no sítio do costume. Para ler atentamente.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Malveira

É um começo. Mas ainda está verde. Já vai aparecendo qualquer coisa. Um ritmo ali, uma melodia acolá, um prato mais ao fundo e depois é só gravar. O resto, o resto vem com o domínio do programa que uso para criar aquilo que me acontece naquele momento. Agora está tudo em bruto e deve manter-se assim por algum tempo. Depois virá o perfeccionismo e por fim as canções. Com as canções vêm as letras. Depois das letras, triunfantemente aparecerá a voz. Mas essa é ainda um segredo.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Tinta Branca

Raramente destaco "discos" que oiço hoje em dia e que são novos, talvez porque a surpresa seja cada vez mais rara. De vez em quando aparecem álbuns que se destacam dos outros. O álbum The Floodlight Collective de Lotus Plaza é sem dúvida o que se tem destacado mais no início deste ano. Lotus Plaza consegue juntar duas linguagens quase opostas, o Roque e o Techno, utilizando camadas e camadas, para criar canções com um ritmo igual do início ao fim e riffs de guitarras por cima que vão entrando aos poucos até ao êxtase final. Curiosamente a capa do álbum tem tudo para ser icónica daqui a vinte anos. Uma criança a andar de baloiço num pónei, uma fotografia com tons dourados e Lotus Plaza pintado a tinta branca correctora.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Lady GaGa vs. Telepathe

O que é que Lady GaGa e Telepathe têm em comum? Aparentemente nada, para além de serem de Nova Iorque. Uma é uma artista a solo, que segue os passos das estrelas pope do mundo pós Madonna. As outras são a mais nova sensação vinda de Brooklyn, seguindo o caminho dos MGMT. A primeira opta por um estilo mais sexual e físico. As segundas serão aparentemente mais inocentes. Mas se virem os videoclipes dos singles de apresentação do The Fame da Lady GaGa, e custa dizer este nome, e do Dance Mother das Telepathe, que é de difícil pronunciação, irão descobrir que os dois têm a festa como tema principal e, imaginem, ambos têm coreografias. No vídeo a Lady GaGa tem um raio azul junto ao olho direito. Agora procurem as fotografias promocionais das Telepathe. Interessante, não é?

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Uma Vila Nova

Noite histórica em Vila Nova de Famalicão. Quis o acaso que no dia 14 de Fevereiro se juntassem nesta vila a FlorCaveira e a Amor Fúria. Quis o destino que se fizesse história. A noite não foi nossa, a noite foi vossa. Do público que compareceu, às centenas, e que fez a festa. Cantou, dançou e viveu. As bandas e os artistas não fugiram à sua verdade. Os Quais da melodia do assobio. O Samuel Úria do talento em bruto. Os Smix Smox Smux da transgressão panque. Os Golpes das guitarras avassaladoras. O Tiago Guillul da música negra. Os Pontos Negros da alegria contagiante. Fazem de Portugal uma vila nova. Quem foi sabe. Quem foi sabe que é preciso estar preparado. Preparem-se.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Para a posteridade

Daqui a umas horas estou de partida para o Norte, Vila Nova de Famalicão. Desde que há blogue furioso nunca mais coloquei um cartaz neste sítio à beira-rio. Porque vou ser o mestre de cerimónias faz todo o sentido colocar o cartaz da noite de logo. Para a posteridade. Famalicão é mais perto de Lisboa que Madrid ou Barcelona por isso é aparecer. A imagem do cartaz foi imaginada por Silas Maldito.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Actos de contrição

Existem alguns actos de contrição que tenho de fazer. O primeiro é com a rádio Radar, por ter passado o primeiro disco dos Heróis do Mar no Álbum de Família durante a semana passada. Um acto de serviço público. Como alguém escreveu na caixa de comentários, agora só falta o A Um Deus Desconhecido da Sétima Legião. O segundo é com a cena subterrânea do eixo Lisboa-Santo Tirso porque de um momento para o outro surge uma banda, os aquaparque, que finalmente decide cantar em português. Existe um terceiro, que é o mais difícil de fazer, até por que escrevem coisas inacreditáveis, como o "lado bom dos Heróis do Mar", como se houvesse um lado mau, ser reflectido na música dos já referidos aquaparque. É tão difícil, que o acto de contrição fica para a próxima.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A Flórida dos Romanos

Se ontem me tivessem dito que iria estar a ouvir um jesuíta e um protestante a analisar e a explicar a Carta aos Filipenses, escrita por São Paulo, não acreditaria. Ao lado de José Tolentino Mendonça estiveram Miguel Almeida e Tiago Cavaco a debater a profundidade e a actualidade da Carta escrita à comunidade de Filipos, ou como Tiago Cavaco disse: "A Flórida dos Romanos". De um lado o gráfico e o hino cristológico, do outro a palavra e a teologia pope. E uma pequena multidão, numa noite de chuva, que impressionou o protestante. Mas hoje, cada vez mais, os católicos praticantes são a minoria e a diferença que os protestantes sempre foram em Portugal. Haja São Paulo e o Roque para os juntar.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

As Variações

Além de variar a forma de cantar, António Variações variou também algumas palavras de letras de canções que cantou, para adequar a letra à sua forma de cantar. Genial, portanto. O melhor exemplo desta característica está na canção "Canção", escrita por Fernando Pessoa. Talvez o mais arrojado trabalho de musicar e cantar esta letra, que consegue pôr a chorar as flores do jardim e as pedras da calçada. A letra da "Canção" fica aqui, e em negrito assinalo as variações e entre parêntesis as supressões.

Silfos ou gnomos tocam?...
Roçam nos pinheirais
Sombras e bafos leves
De ritmos musicais.

Ondulam como em voltas
De estradas não sei onde
Ou como alguém que entre árvores
Ora se mostra ora se esconde.

Forma distante (e) incerta
Do que eu nunca terei...
Mal oiço, e quase choro.

E
por que é que eu choro não sei.

Tão suave melodia
Que mal sei se ela existe
Ou se é só o crepúsculo,
Os pinhais e eu estar triste.

Mas pára, como uma brisa
Esquece a forma aos seus ais;
(E) agora não há mais música
Do que a dos pinheirais.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A Verdade Original

O título desta entrada é usurpado a um artigo do jornal Blitz, o velho jornal Blitz. O artigo fala do conjunto Ocáso Épico. Uma banda que é talvez a mais obscura referência do pope roque nacional dos tempos idos. Liderada por Farinha Master, será uma das minhas futuras descobertas. Mas antes de ouvir é preciso ler, só para confirmar que é mesmo bom. As palavras do artigo são porventura mais actuais agora do que nunca, como se tivessem sido encomendadas para o próximo lançamento discográfico furioso e a certa altura diz-se o seguinte:

A música deles é autónoma e fornece uma saída diferente a velhas situações de impasse, quase como se fosse um elo que faltava. É feita como se o Rock tivesse nascido primeiro em Portugal e não nos States ou Inglaterra.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Clássico do Hip Hop #2

A minha segunda entrada dedicada aos clássicos do Hip Hop presta homenagem àquele que para muitos é considerado o melhor MC de sempre. De facto, The Notorious B.I.G. é capaz de ser um dos melhores MCs de sempre e passados quase onze anos da sua morte, tem o merecido destaque aqui nesta fábrica de naus catrinetas. A canção escolhida é a "Juicy" do álbum de estreia de Biggie Smalls. O videoclipe é também um modelo para muitos dos vídeos de canções de Hip Hop que se seguiram.

Artista: The Notorious B.I.G.
Faixa: Juicy
Álbum: Ready to Die
Ano: 1994
Verso: It was all a dream
I used to read Word Up magazine


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domingo, 1 de fevereiro de 2009

Vozes e escolhas da Rádio

Se escutarem bem as rádios mais opostas da frequência modulada, a rádio Radar e a rádio Cidade, vão encontrar a mesma falsidade no tom de voz da maioria dos locutores. Se do lado da Cidade é feito tudo para mostrar um ar de felicidade extrema, que chega a soar a histerismo, para a nossa "geração Morangos com Açúcar", no lado da Radar prima-se pela atitude blasé, de um tom monocórdico, para a nossa burguesia urbana informada. Se o falso está presente nas duas, a má escolha musical também. Do lado Cidade o House comercial manhoso, que mistura a música caribenha e as batidas nascidas em Chicago, do lado Radar os maus representantes dos oitenta dos nossos anos, a angularidade que se mistura com o "oh oh" forçado. E as versões, as versões.