sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Omnipresença

Enquanto bebo uma coca-cola e como uma merenda na Fnac de Coimbra penso que devia ter a omnipresença como dom. Hoje, entre concertos mil, há Os Golpes em Torres Novas, no Teatro Virgínia e em Lisboa, no Lusitano Clube, o Samuel Úria e o B Fachada, que está em grande destaque hoje no ípsilon (para quando os artigos com os outros nomes da cena em explosão?). Além disto há também Feromona na Fábrica do Braço de Prata. Apesar desta malta toda da nova cena, também gostava de assistir ao José Mário Branco com os Gaiteiros de Lisboa na Culturgest. Sempre há o mini-concerto dos Pontos, depois do ferve-ferve de Aveiro.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

E depois?

Cantam em inglês, sim. So what? A presente visibilidade maior de uma nova e estimulante geração que adopta o português como língua oficial (e que terá justificadamente o protagonismo da cena rock local, facção “indie” ou como lhe quiserem chamar) não impede o aparecimento de outras opções.

Sim, mas se não estivesse a aparecer uma nova e estimulante geração que adopta o português como língua oficial, esta frase do crítico Nuno Galopim não seria possível. É também por isto que faz cada vez mais sentido haver bandas a cantar em português, a defender a língua mãe, a língua em que é escrito o blogue sound + vision. Ainda não ouvi The Portugals, contudo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Baile Final

Está disponível desde Abril deste ano, mas só o saquei há um dia e está descoberta mais uma preciosidade da pope portuguesa, o single "Baile Final" de Anamar, editado em 1983 pela Fundação Atlântica. A hiperligação e a opinião pessoal do autor da partilha está aqui. Não pode estar mais enganado, fez e faz muita falta o LP "Cartas de Portugal", principalmente porque não existem muitas letras deste calibre na pope portuguesa. A direcção musical e produção é de Pedro Ayres Magalhães.

Sangue nos roseirais
Bailam-se os bailes finais
Em danças animais
Rodam passos imortais

Verei no tango da morte
Quem será o meu "com sorte"

Nas noites tão iguais
Bailam-se os bailes finais
Nas danças funerais
Jogam-se amores desleais

Dá-me o xaile preto
Pr'ó meu baile branco de ti
Dá-me o reino inteiro por fim
Neste baile final
Dança junto a mim assim

Oiço juras e ais
Nestes acordes finais
E nos meus braços vais
Sentir amores tão fatais

Já sei no tango da morte
Quem será o meu "com sorte"

Dá-me o xaile preto
Pr'ó meu baile branco de ti
Dá-me o reino inteiro por fim
Neste baile final
Dança junto a mim, não assim

Eu dei-me a ti
Dá-me o reino inteiro por fim
Neste baile final
Dança junto a mim assim

domingo, 26 de outubro de 2008

O fim do Indie

Quando vi o "Juno" e percebi ao fim do primeiro minuto que era um dos piores filmes que estava a ver, decidi ficar na sala até ao fim para contar a quantidade de clichés que inundava o filme do início ao fim. Até hoje ainda não tinha lido ninguém que conseguisse resumir tão bem aquilo que eu pensei no final da fita. Até sexta-feira, dia em que o ípsilon publica a tradução de um artigo assinado por Ann Hornaday, do Washington Post, intitulado "From Indie Chic to Indie, Sheesh". É o artigo mais obrigatório do ano. Se é assim no cinema, na música não é muito diferente.

sábado, 25 de outubro de 2008

Factos da semana

- Observar os técnicos de palco na Aula Magna a ver o Benfica durante dEUS;
- O Pedro Mexia a espreitar o concerto d'Os Pontos Negros na Fnac do Colombo;
- O frio a chegar e estar 10º em Leiria numa tenda ao lado do IC2;
- Os Golpes a gravar no estúdio da Praça das Flores o disco mais à U2 do roque nacional;
- Alternar discos para o Miguel Ângelo no Cabaret Maxime;
- O nome "DJ Almirante Ramos" ser anunciado na rádio Oxigénio.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Contenda

Pode não parecer, mas este blogue é um blogue de hip hop. Apesar de nos últimos tempos estar cada vez mais comprometido com a segunda vaga do pope roque nacional, é ao hip hop que vou buscar a maior parte da inspiração para escrever. Tudo porque gostaria de começar uma contenda com alguns sítios da rede, que nem sequer referem na reportagem do concerto de dEUS, ontem na Aula Magna, a banda que teve a honra de abrir o concerto. Das duas uma, ou decidiram ignorar, é uma boa opção, ou chegaram atrasados ao concerto e não tiveram oportunidade de avaliar o potencial ao vivo da banda que abriu a noite de concertos. Se foi esta última, a razão para a não referência, aconselho a planear melhor a logística de reportagens de concertos.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

E.R.O.L.



O Erol Alkan esteve ontem no Lux. Ontem, fui ao Lux. A expectativa não era grande, tinha estado num DJ Set do Erol Alkan há um ano e meio, na festa de encerramento do Primavera Sound, na Sala Apolo, em Barcelona, e se bem me recordo não tinha sido nada de especial, tirando a "Atlas" dos Battles. Ontem, foi diferente. Foi excelente. A maneira como o Erol Alkan faz as passagens é pura magia. Abusando do turbo - confesso que não tenho outra palavra para descrever as faixas ou remisturas do início do set - e puxando até ao limite o incrível sistema sonoro do Lux, começando no maximal e acabando no trance, passando ainda por um momento de transição com a "I'm not in Love" dos 10cc, o Erol Alkan deu o DJ Set do ano.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A Glória, de novo

Textos que escrevi na emoção da confirmação das primeiras partes de dEUS. Serão feitas pel'Os Pontos Negros.

E como faz falta um clube de roque a sério em Lisboa. Para quem pensa que as grandes editoras estão a perder poder, é preciso olhar para este caso de explosão d'Os Pontos Negros com atenção. Nunca retirando o mérito da própria banda, que ao vivo é ainda melhor que em disco. Mas atrás deles virão todos os outros. O centro deste movimento todo são três famílias, companhias, editoras. Os nomes delas são FlorCaveira, Catadupa! e Amor Fúria. Existem também outras bandas que foram importantes para isto tudo, os Linda Martini ou os Peixe : Avião, por exemplo. Todas estas bandas escolheram cantar em português como se fazia nos tempos idos de glória do roque português. Da minha parte estou disponível para começar a contar a história toda. Acredito que se 2008 ficará marcado por nomes como Tiago Guillul, Os Pontos Negros, FlorCaveira, 2009 será marcado por nomes como Os Golpes, Smix Smox Smux, Os Quais, Feromona, Catadupa! e Amor Fúria. O roque está morto, ressuscitemos o roque.

Para não falar nas múltiplas bandas que surgem todos os dias no myspace, de rapazes e raparigas do liceu, que estão a ser formados por esta malta toda.

E claro, não posso esquecer a malta do folque. Samuel Úria, B Fachada, João Coração. Também terão o vosso pedaço.

E mais gente, que das profundezas dos quartos tem criado a melhor folque portuguesa que se pode escutar por aí no myspace.

Iá, parece que saí do armário. Não descobri verdade nenhuma, mas isto tem a sua importância, só isso.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Guitarras em punho

Os Golpes. Da esquerda para a direita, Pedro da Rosa, Nuno, Manuel Fúria e Luís.

Brincar às editoras

Ontem, enquanto estava em estúdio com Os Pontos Negros, e o Henrique Amaro, da Portugália, entrevistava cada elemento da banda, pensava na força que isto tudo tem. E como há um ano estava tudo tão diferente. Depois de falar com a banda, o Henrique aproveitou a presença do Paulo Abelho, um dos directores técnicos do estúdio, e um dos elementos da Sétima Legião, e fez-lhe uma entrevista espôntanea, onde entre outras coisas, o questionava se este movimento, ou geração de bandas, era o que melhor pegava no legado do pope roque português dos anos 80 e o transferia para estes tempos. Surpreendentemente, ou não, o Paulo respondeu que sim. E isto ainda parece, às vezes, que estamos a brincar às editoras. Imaginem se isto fosse a sério.

domingo, 12 de outubro de 2008

Mítico

Uma noite em memória de:

Luís de Camões,
Fernando Pessoa,
António Vieira,
Ruy Belo,
Sophia de Mello Breyner,
Eugénio de Andrade,
Alexandre O'Neill,
Pedro Ayres Magalhães,
Almeida Garrett,
Ary dos Santos,
José Afonso,
António Gedeão,
Carlos Drummond de Andrade,
David Mourão-Ferreira,
Florbela Espanca,
Mário Cesariny,
António Variações.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Bomba:MTV

É verdade. O teledisco da "Beijas como uma Freira" passou na Émetivi, na MTV. Sim, é um dia musicalmente histórico. Mas perceber que o teledisco produzido pela companhia furiosa para o Tiago Guillul provocou o caos na montagem do programa Brand New é muito melhor. Ora, para além de conseguirem confundir o Variações com o Calvino, ainda conseguiram chamar Banhart ao Tiago e Guillul ao Devendra, trocando os clipes na montagem, e ainda conseguiram emitir em directo o nome da culpada, a produtora, num precioso ecrã preto, que esteve trinta segundos no ar, com a ficha técnica da cassete do programa. Obrigado. Isto foi melhor do que alguma vez imaginei. Isto sim, foi panque roque do Senhor.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Turismo em casa

Sempre que oiço a "At Home He's a Tourist" dos Gang of Four penso sempre que vai aparecer, no início da faixa, o rife inicial da canção "O Corpo é que Paga" do Variações. Mas afinal com o que é que eu levo? Levo com dedos que tocam nas cordas da guitarra como raios a cortar árvores e as palavras "em casa ele sente-se como um turista". Já a meio do groove, quando o tom do baixo sobe, oiço "dois passos em frente, seis passos para trás". Afinal isto é mais festas em casa. Como nem todas as entradas têm de ter linque para as músicas, prometo que da próxima vez que alternar discos vou passar Gang of Four a seguir ao Variações. Preferencialmente numa festa em casa.

domingo, 5 de outubro de 2008

O Inimigo Está Entre Nós

Depois da transmissão de quinta-feira na Portugália e do artigo no ípsilon na sexta-feira sobre Os Pontos Negros, faz sentido contar alguma da história do início da FlorCaveira, a primeira editora da banda que está a refrescar o panorama musical cantado em português. A FlorCaveira é uma família e no centro da família está Tiago Guillul, ou Tiago Cavaco. Apesar de ter editado o primeiro CD em 2002, a FlorCaveira nasce muito antes, em meados dos anos 90, com bandas como os Bible Toons, que deu origem à Instituição e depois aos Guel, Guillul & o Comboio Fantasma. O documentário que se segue, hiperligação no final da entrada, conta parte da história d'A Instituição, banda de Tiago Guillul (voz), Miguel Sousa (guitarra), Tiago Ramos (bateria), Carlos Rodrigues (baixo) e Ricardo Oliveira (guitarra). São pérolas, pérolas.

O Inimigo Está Entre Nós, 1ª Parte
O Inimigo Está Entre Nós, 2ª Parte
O Inimigo Está Entre Nós, 3ª Parte